quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Morfema Zero

Gleason (1961:80) postulou que há morfema zero somente quando não houver nenhum morfe evidente para o morfema; Kehdi ratifica dizendo que a ausência de uma expressão numa unidade léxica se opõe à presença de morfema em outra como se depreende da comparação das formas verbais:

Beijávamos
Beijava

O {-mos} é a expressão da primeira pessoa do plural, grafado graficamente na palavra.
Já no caso de beijava não existe a grafia que explicite que se trata da primeira pessoa do singular, podendo ser também a terceira pessoa do singular. Logo, é a ausência de marca que expressa a pessoa e o número, portanto é o morfema zero {Ø} que traz a informação gramatical. (Kehdi, 1993:23)

Kehdi afirma ainda que os alomorfes de plural em português: /-s,-es,-is/, incluem um alomorfe zero, presente, por exemplo, em pires, cujo número só é recuperável pelo contexto: o pires novo/ os pires novos.

Abaixo temos uma tirinha da Mônica e do Cebolinha, vamos postular quais são os morfemas zero presentes:




muito -> plural: muitos {-s}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
legal -> plural: legais {-is}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
esse -> plural: esses {-s}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
papel -> plural: papeis {-is}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
parede -> plural: paredes {-s}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
você -> plural: vocês {-s}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
quarto -> plural: quartos {-s}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
uma -> plural: umas {-s}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
coisa -> plural:  coisas {-s}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
porta -> plural: portas {-s}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.


Vale pontuar ainda que o morfema zero é a ausência de marcação gráfica em gênero, número ou modo.
Na palavra ônibus, por exemplo, há a falta de marcação de plural, observe: o ônibus/ os ônibus, logo, o morfema zero neste caso é de plural. Na palavra estudante o morfema zero é de gênero, observe: o estudante / a estudante. Ainda temos o pretérito imperfeito do indicativo que ao conjugar os verbos realiza o morfema zero  na primeira e terceira pessoas do singular, exemplo: eu dançava / ele dançava, não há a marcação para diferenciar a primeira da terceira pessoa, logo, se constitui um morfema zero de modo.


Finalmente, podemos concluir simplificadamente que a falta de marcação gráfica para expressar gênero, número e modo em qualquer palavra gera o que agora sabemos ser o morfema zero {Ø}.



                                                         

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Processos morfológicos

A associação de dois elementos mórficos produzindo um novo significado linguístico obedece a certos princípios ou mecanismos que variam em sua possibilidade de combinação nas diferentes línguas. Esses modos de combinação são processos morfológicos que se manifestam sob a forma de: adição, reduplicação, alternância e subtração.(Fiorin, pág 65)

Hoje abordaremos apena os processos morfológicos de adição e subtração:
 - ADIÇÃO: quando um ou mais morfemas é acrescentado à base, que pode ser uma raiz ou radical primário, isto é, o elemento minimo de significado lexical. os morfemas que se adicionam à raiz são chamados de afixos, a afixação é o processo. Ex: livro(radical) -s(sufixo); re(prefixo) -ler(radical); cas(radical) -eiro(sufixo).
 - SUBTRAÇÃO: quando alguns segmentos da base são eliminados para expressar um valor gramatical. Ex: irmão-irmã; orfão-orfã; anão-anã. (Fiorin, pág 66). O feminino é obtido pela eliminação do –o do masculino.

As desinências verbais podem ser consideradas morfemas aditivos.

Desta forma podemos perceber como o número de palavras e de novas associações morfológicas são infinitos, várias associações de radicais com seus afixos podem produzir significados completamente diferentes um dos outros tornando a nossa língua ainda mais rica e cada vez mais surpreendente.