Gleason (1961:80) postulou que há morfema zero somente quando não houver nenhum morfe evidente para o morfema; Kehdi ratifica dizendo que a ausência de uma expressão numa unidade léxica se opõe à presença de morfema em outra como se depreende da comparação das formas verbais:
Beijávamos
Beijava
O {-mos} é a expressão da primeira pessoa do plural, grafado graficamente na palavra.
Já no caso de beijava não existe a grafia que explicite que se trata da primeira pessoa do singular, podendo ser também a terceira pessoa do singular. Logo, é a ausência de marca que expressa a pessoa e o número, portanto é o morfema zero {Ø} que traz a informação gramatical. (Kehdi, 1993:23)
Kehdi afirma ainda que os alomorfes de plural em português: /-s,-es,-is/, incluem um alomorfe zero, presente, por exemplo, em pires, cujo número só é recuperável pelo contexto: o pires novo/ os pires novos.
Abaixo temos uma tirinha da Mônica e do Cebolinha, vamos postular quais são os morfemas zero presentes:

muito -> plural: muitos {-s}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
legal -> plural: legais {-is}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
esse -> plural: esses {-s}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
papel -> plural: papeis {-is}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
parede -> plural: paredes {-s}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
você -> plural: vocês {-s}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
quarto -> plural: quartos {-s}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
uma -> plural: umas {-s}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
coisa -> plural: coisas {-s}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
porta -> plural: portas {-s}. O singular não apresenta marcação, logo é morfema zero.
Vale pontuar ainda que o morfema zero é a ausência de marcação gráfica em gênero, número ou modo.
Na palavra ônibus, por exemplo, há a falta de marcação de plural, observe: o ônibus/ os ônibus, logo, o morfema zero neste caso é de plural. Na palavra estudante o morfema zero é de gênero, observe: o estudante / a estudante. Ainda temos o pretérito imperfeito do indicativo que ao conjugar os verbos realiza o morfema zero na primeira e terceira pessoas do singular, exemplo: eu dançava / ele dançava, não há a marcação para diferenciar a primeira da terceira pessoa, logo, se constitui um morfema zero de modo.
Finalmente, podemos concluir simplificadamente que a falta de marcação gráfica para expressar gênero, número e modo em qualquer palavra gera o que agora sabemos ser o morfema zero {Ø}.
Agora sim, seu trabalho ficou muito bom. Com basamento teórico, uso de gênero e reflexões. Parabéns.
ResponderExcluirLi todo o AVM e concordo com todos os comentários da monitora Talita.
ResponderExcluirPerfeito! Agora entendo o tal morfema zero , Obrigada :*
ResponderExcluirParabéns pela claríssima explicação do que seja o morfema zero.
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